segunda-feira, 27 de setembro de 2010

“O Aleph”, novo livro de Paulo Coelho, é
tratado de filosofia hindu


Meu primeiro encontro com Paulo Coelho se deu ainda na faculdade, quando, por acaso, fui selecionado para ler O Alquimista”, por conta de um trabalho da aula de Homem e o Fenômeno Religioso, disciplina de primeiro período da PUC.

Li a obra numa tacada, numa chuvosa tarde de sábado, e prontamente a identifiquei como as narrativas de Malba Tahan, pseudônimo do brasileiro Júlio César de Mello e Souza, matemático que usava um personagem nômade para ensinar álgebra e geometria.

Sempre odiei matemática, mas o fato de conseguir visualizar as questões que Tahan propunha, imaginando o deserto, as estrelas, as caravanas, me fazia compreender e até apreciar os difíceis problemas de aritmética propostos por aquela curiosa figura de turbante, montada em seu camelo.

Em “O Alquimista”, Paulo Coelho provavelmente deve ter descoberto, como muitos romancistas, uma coisa chamada “memória sensitiva”, ou seja, a memória associada aos sentimentos. Um bom romance, com uma narrativa que te toque por meio da trama e dos personagens, faz com que você guarde com especial esmero aquela lembrança, armazenando-a e compreendendo-a de maneira muito mais efetiva do que estudando um frio livro didático.


Quando em 1975 James Clavell escreveu Xógum – A Gloriosa Saga do Japão”, ele fez exatamente isso. A narrativa envolvente e os personagens cheios de vida ajudaram o mundo a redescobrir e a adorar a cultura japonesa, mais do que qualquer livro acadêmico.

O ALEPH

Em “O Aleph”, assim como em “O Alquimista” e em vários outros livros seus, Paulo Coelho usa a narrativa para discorrer – agora sobre filosofia oriental. A questão aqui é o Aleph, o Axis Mundi, o centro do mundo, ponto essencial onde tudo “está no mesmo lugar ao mesmo tempo”.

Complicado, mas simples. Esta é a noção hinduísta de eternidade. A eternidade, para os indianos, não é um tempo longo. A eternidade não é algo que dure para sempre. A eternidade não tem nada a ver com o tempo. A eternidade é uma dimensão do aqui e agora em que a noção de tempo é simplesmente desligada. Não importa o que fomos, não importa o que seremos, o que importa é que estamos vivos agora, e isso é uma dádiva maravilhosa.

A ideia do Aleph também nos leva à grande iluminação dos Upanishads, coleção de textos indianos datados do século IX a.C., em que os sábios entendem que todos os céus, infernos, deuses e demônios não são forças externas, mas existem dentro de nós, são representações das nossas energias em conflito.

Portanto, encontrar o Aleph é retornar ao seu ponto de realização, encontrar a essência que te faz vivo. É o Nirvana. Quando você consegue se desprender do medo, do desejo e dos compromissos sociais, o que resta é você mesmo, o seu ponto de êxtase, a sua verdadeira natureza. Dado curioso para os nerds é que para ilustrar isso o narrador chega a evocar a cena da morte de Roy Batty, em “Blade Runner”: quem somos, de onde viemos e para onde vamos?

A TRANSIBERIANA

A história de “O Aleph” se passa durante uma viagem que Paulo Coelho fez pela ferrovia Transiberiana, em 2006, que começa na Rússia européia e termina no Mar do Japão. Durante a jornada, vivenciada pelo próprio escritor, muitos acontecimentos tomam lugar, alguns tão curiosos que fazem a gente questionar se realmente ocorreram.


A resposta para este mistério é simples: não importa. Este é o grande segredo do escritor, que muitas vezes despertou a fúria dos críticos. Não importa a forma, não importa se os acontecimentos da viagem são fato ou imaginação – importa a mensagem. E essa deveria ser também a maneira correta de compreender a própria religião. Se nos ativéssemos mais à mensagem e menos às formas, agiríamos mais como Cristo, como Buda, como Mohamed: julgaríamos menos, amaríamos mais.

PARA QUEM JÁ LEU

Li duas vezes a biografia de Paulo Coelho (“O Mago”), escrita pelo jornalista Fernando Morais, e isso me deu bases para associar a obra a vários aspectos da vida do escritor. Para mim, “O Aleph” é também uma forma de o artista externalizar algumas de suas questões mais profundas, e se perdoar por pecados de outrora. O dominicano que aparece em visões de outra vida, que se acovarda ao deixar sua amada morrer na fogueira, pode ser uma metáfora para Gisa, sua ex-companheira, a quem Paulo virou as costas na prisão do DOI-Codi, durante os duros anos da ditadura militar. A insistente Hilal, incrível violinista que dizia não ter encontrado o seu dom, pode ser uma alegoria para o próprio escritor, que mesmo após estabelecido como compositor famoso ainda não se sentia em paz com sua felicidade.

Um dia, quem sabe, tirarei essas dúvidas com o próprio Paulo Coelho. Um dia, quem sabe. Não agora. Por enquanto, não importa.

LINKS

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OUTRAS RESENHAS DE LIVROS

» “O Caçador de Apóstolos” – Leonel Caldela
» “Dragões de Éter” – Raphael Draccon
» “O Amor na Rede” – Jorge Poggi
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Lançamentos e autógrafos de "A Batalha do Apocalipse" no Ibirapuera e Campinas, quinta e sexta


Queridos amigos de São Paulo,

Esta semana estarei de volta à Terra da Garoa para dois lançamentos.

Ibirapuera: Na quinta-feira, 30, estarei na Saraiva do Ibirapuera a partir das 19h. (Av. Ibirapuera, 3.103 - Moema - Piso Moema)

Campinas: Na sexta, 01, vou estar na Saraiva de Campinas, também às 19h. (Av. Iguatemi, 777, Vl. Brandina - Campinas)

Nos dois lugares haverá bate-papo e depois sessões de autógrafos. Quem quiser, apareça nem que seja para dar um abraço. Chamem seus amigos e parentes. Tragam seus “A Batalha do Apocalipse”, não importa qual edição. O importante é a SUA presença!

Sul confirmado: Estarei em Curitiba neste mês de outubro para dois eventos. Depois, sigo para Porto Alegre, onde participarei da Feira do Livro, em novembro. Veja as informações aqui.

Outras cidades: Estou brigando junto à editora para o agendamento de sessões de autógrafos em outras cidades do Brasil. Assim que tiver uma posição, aviso por aqui e pelo Twitter.

Aguardo vcs lá :-)

Bjos e abraços.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

“O Caçador de Apóstolos” - como seria se Bernard Cornwell fosse brasileiro e escrevesse fantasia?


Leonel Caldela é sem sombra de dúvidas o Bernard Cornwell brasileiro. Se você gosta do estilo sujo, direto e realista empregado pelo escritor britânico em suas obras literárias, então “O Caçador de Apóstolos” é o livro para você.

O que mais me chamou atenção nesta aventura de Caldela foi a linguagem. É comum os romances de fantasia pegarem leve na violência, nos palavrões, nas cenas de sexo, até para preservar o glamour que sempre é associado a esses mundos fantásticos – eu mesmo sou um que faço isso. Já Leonel transporta, para a fantasia, a dureza da vida real, o que nos convence logo de cara que esse “universo literário” é crível, com sua faceta bela e seu lado igualmente terrível.

“O Caçador de Apóstolos” foi o primeiro romance que eu li do escritor. Os seus livros anteriores nunca antes tinham me chamado atenção, confesso, por serem ambientações ligadas ao RPG “Tormenta”, cenário que eu nunca joguei, uma vez que o “Dungeons & Dragons” e o D20 System sempre atenderam a todas as minhas necessidades RPGísticas.

esta nova obra de Caldela não está atrelada a qualquer mundo de RPG, e por isso decidi arriscar. A surpresa foi tão gratificante que agora procurarei ler “O Crânio e o Corvo” e “O Inimigo do Mundo”, mesmo não conhecendo absolutamente nada de “Tormenta”.

Não gosto muito de, nas minhas resenhas, discutir a trama da obra, para respeitar aqueles que ainda não leram. Assim, não corro o risco de soltar spoilers. Prefiro falar das minhas impressões pessoais. Por isso, colei abaixo a sinopse oficial, afinal o melhor resumo do roteiro é sempre feito pelo próprio autor.

Vida longa à fantasia nacional!

SINOPSE

Haverá dois soldados. Um de Deus e um do diabo.

Foi o que disse a segunda profecia. A primeira falou da corrupção da Voz de Urag, da época em que a líder da Igreja trairia seu povo e faria a guerra contra os cardeais. As profecias avisaram sobre a Voz de Urag, a Voz de Deus, tornada maligna, uma serva do inferno. O surgimento de dois heróis para derrubá-la. E a queda de um deles, revelado como o Soldado do Diabo.




Mas e se for tudo mentira?

O Caçador de Apóstolos apresenta um mundo fantástico, medieval e opressivo, imerso no turbilhão de uma guerra civil. A Igreja governa a terra, mas está sem liderança após a corrupção e morte da última Voz. Os rebeldes lutam numa batalha desesperada contra o domínio da teocracia, contra a própria religião. Uma nova messias se ergue, para levar seu pequeno povo à capital e ocupar seu lugar de direito, cumprindo a vontade de Deus. O fantasma de uma civilização há muito arruinada paira sobre tudo, com seus mistérios e os fragmentos de seu minério divino. Um perplexo escritor observa e narra, misturando verdade e ficção, revelando e escondendo seu próprio papel nos acontecimentos.

O Caçador de Apóstolos é uma história de guerra, religião, idealismo, tragédia e teatro. Um embate entre a fé e o cinismo, o pensamento e a obediência. Em que a verdade e a mentira podem vir da voz dos homens, da voz dos santos — ou da Voz de Deus.

Título: O Caçador de Apóstolos
Autor: Leonel Caldela
Formato: 15,5 x 23 cm, 416 páginas, brochura
Preço: R$ 55,00
ISBN: 978858913447-7

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Baixe gratuitamente os pdfs com as cenas excluídas de “A Batalha do Apocalipse”


Ablon, por Andrés Ramos, o "Amigo Imaginário"

Cuidado! Alguns desses textos contêm revelações sobre o roteiro.

Se você já leu o romance e quer explorar um pouquinho mais deste universo, enquanto o próximo livro não chega às lojas, confira os pdf’s abaixo.

Nesses arquivos, você vai ver o que aconteceu com Ablon depois que ele partiu de Roma, saberá quais são as sete camadas do Céu e presenciará um encontro curioso entre o Anjo Renegado e uma singela família de hebreus fugitivos. Verá mais sobre as castas angélicas e conhecerá um pouco da história humana antes e depois do dilúvio.

» O Mestre do Fogo
» Oásis Feiran
» Atenas
» O Rastro da Morte
»
MTRN
»
Cronologia Humana
»
Castas e Céus

Esses trechos foram excluídos da obra para dar dinamismo à narrativa, já na primeira edição, da NerdBooks. Portanto, são inéditos.

Quer conhecer mais? Você também pode adquirir a coletânea de contos “Imaginários 3”, com o primeiro spin-off oficial da ABdA. Saiba mais aqui.

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