quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Para quê servem os mitos?


Matrix - Neo encontra o Oráculo: "há uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho"

Para quê servem os mitos - comentários em áudio - 01:25 by eduardospohr
No post anterior, pegamos carona na erudição de Joseph Campbell para discutir como surgem os mitos. Hoje, continuaremos imersos nos ensinamentos do simbologista para entender:

PARA QUÊ SERVEM OS MITOS?

Já vimos que os mitos são conjuntos de metáforas e códigos usados para expressar, de forma simbólica, os mais profundos medos, conflitos e desejos humanos.

Símbolos e códigos existem justamente para serem decodificados. A grande jogada é que cada um decodifica à sua própria maneira. Isso é relevante porque o verdadeiro significado daquela mensagem transcende a palavra. O seu estado emocional, índole e personalidade vão determinar como a mensagem é traduzida.

Star Wars - O vilão é geralmente aquele que tomou as decisões erradas.

Guias de viagem - Os mitos servem como diários de viagem, que nos mostram os caminhos que outras pessoas percorreram para superar os inevitáveis traumas e triunfos da vida. Se você souber interpretar essas dicas, terá mais facilidade de lidar com suas próprias perdas e sucessos – e agir corretamente como um ser humano em sociedade.

HERÓIS COMO MODELOS

Você já se deparou com uma situação difícil que te fez lembrar uma cena de filme, ou um trecho de livro? Melhor: decisões ou ações tomadas por um personagem já te ajudaram a encontrar a solução para algum impasse?

Isso acontece comigo direto. Luke Skywalker foi um exemplo durante a minha adolescência; as decisões do capitão Kirk me auxiliaram a resolver problemas com a minha equipe de trabalho; Neo me ensinou que “eu escolho o meu próprio destino”.

Star Trek - Capitão Kirk na ponte da Enterprise: como liderar uma equipe
A idéia é essa - A função dos mitos é fornecer modelos às pessoas, apresentando situações que inevitavelmente surgirão em nossas vidas, e sugerindo soluções. Como o herói vai agir? O que ele vai fazer? Qual o ensinamento que podemos tirar disso? E o vilão? Como NÃO devemos agir e o que NÃO devemos fazer? Quais são as conseqüências?

MITOS HOJE

No passado, aqueles que compilavam e registravam os mitos eram geralmente os sacerdotes, xamãs ou místicos. É claro, já havia artistas, sempre houve, mas um mito não é simplesmente uma história: ele tem que estar perfeitamente sintonizado com os anseios da sociedade em questão.

Hoje, o curioso é que em muitos casos esse papel se inverte. Vários mitos, especialmente na religião, permanecem estáticos e ultrapassados – não se reinventaram aos novos tempos, e por isso perderam muito de sua capacidade de se comunicar com as novas gerações.

Gladiador - Guerreiros sobrevivem porque lutam unidos.
Por outro lado, as obras literárias e cinematográficas, em constante mudança e adaptação, por vezes tocam o público de forma ainda mais profunda, mesmo quando todos sabem que aquela é tão somente uma obra de ficção.

O que nos faz refletir - o que realmente vale? A veracidade do mito ou o significado da mensagem que ele passa?

» Leia o post anterior: “Como surgem os mitos”



O Império Contra-Ataca - Luke se recusa a juntar-se ao mal, mesmo diante da morte

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A polêmica envolvendo a campanha #inconfundível – “publicidade velada”?

Site do Club Social. Imagem: reprodução

O assunto deste finalzinho de semana na web foi a campanha do Club Social, proposta por uma agência de publicidade a alguns twitteiros do Brasil, que se comprometeram a anexar a tag #inconfundível a um de seus posts diários, indicando um link ou uma informação que julgavam ser interessante.

A polêmica começou na quarta-feira, quando o jornalista Mauricio Stycer, do iG, publicou uma matéria (leia aqui) acusando os twitteiros de promover o que chamou de “publicidade velada”. Para ele, seria antiético divulgar a campanha sem deixar claro que se tratava de uma ação ligada ao biscoito.

Sou jornalista, editor de um grande portal de notícias, além de blogueiro e twitteiro. Então, acho que entendo um pouco os dois lados, daí a vontade de escrever este post.

JOGANDO LIMPO

O Mauricio tem todo o direito de expressar a sua opinião. Como jornalista, eu defendo e sempre defenderei a liberdade de imprensa, e apóio quem a exercite. A única falha aí, acredito eu, foi a falta de uma apuração cautelosa dos fatos.

Bom, para quem não sabe, muitos daqueles que participaram da ação tiveram o cuidado de explicar, na primeira vez em que postaram a tag, que aquilo tratava-se de uma campanha publicitária. Só isso, ao meu ver, já desmonta todo o argumento de “publicidade velada”.

“Assim como a Baunilha (Bruna Calheiros, blogueira), deixamos claro desde o primeiro momento que estávamos divulgando a campanha do Club Social. Nosso primeiro post explicou isso. Jogamos limpo com os nossos seguidores”, explica Alexandre Ottoni, do site Jovem Nerd.

Mas, tudo bem. Como eu disse, o Mauricio Stycer está livre para concordar, discordar, comentar e criticar – até porque tratava-se de uma matéria opinativa.

Escolha de palavras - Ao ler o texto, me lembrei das minhas aulas de “Introdução ao Jornalismo”, na PUC, ministradas pelo professor e jornalista Israel Tabak (esse sim era inconfundível). Ele mostrava como a simples escolha de palavras pode influenciar todo um texto. Tabak usava o exemplo clássico de dois jornais que publicaram a mesma notícia sobre o Movimento Sem-Terra. O jornal #1 dizia: “MST ocupa fazenda”; o #2 avisava: “MST INVADE fazenda”.

Da mesma forma, é curioso ver como a escolha de palavras no texto do Maurício expõe sua opinião. Num trecho notório, ele diz: “Cada um tem a obrigação de escrever dois tweets por semana (...)”, enquanto poderia escrever: “Cada um tem o COMPROMISSO de escrever dois tweets por semana”. Muda tudo.

MINHA OPINIÃO

Pessoalmente, não vejo problema algum em um twitteiro usar sua imagem em uma campanha de comunicação. Se fosse assim, teríamos que condenar também todos os milhares de artistas e atletas que emprestam suas caras a comerciais de TV.

A questão da “publicidade velada”, cujo conceito, vale repetir, não concordo, também não me incomoda.

A internet deu aos consumidores o livre-arbítrio total de procurar, eles mesmos, seu conteúdo. Não é como antigamente, quando você tinha que engolir, toda a noite, 30 segundos de reclame dos Cobertores Paraíba, nos intervalos da novela das 8h. Na web, é o usuário que procura o conteúdo e, por conseqüência, absorve a publicidade de forma consciente.

Unfollow e block - Um exemplo. Se você segue a famosa Twittess, que aliás também é citada na matéria, está sujeito a receber um monte de propagandas e baboseiras. Mas se o cara gosta, bom pra ele. Se não gostar, é simples: dá unfollow ou block.

Portanto, acredito que, MESMO que tivesse havido uma publicidade velada, isso não seria passível de condenação ou muito menos de “denúncia”. Afinal, os maiores prejudicados seriam os próprios twitteiros, que estariam sujeitos a perder seguidores, leitores, admiradores ou como queiram chamar.

E, pelo visto, não foi o que aconteceu. A campanha deu certo, e o texto do Maurício teve o efeito óbvio de qualquer polêmica: acabou gerando ainda mais repercussão para a marca.

Pessoal, desculpem aí pelo off topic, afinal este blog geralmente se propõe a apresentar textos mais lúdicos: sobre cinema, literatura e filosofia. Mas concluí que o assunto era relevante a muitos de meus leitores.

Espero ter contribuído positivamente para a discussão.





Comercial dos Cobertores Paraíba - clássico reclame dos anos 60


» Leia também: Post sobre a polêmica no “NãoZero”

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Como surgem os mitos?

Star Wars, clara influência das obras de Campbell
Quem acompanha o NerdCast já deve ter ouvido eu falar várias vezes sobre a fascinante obra de Joseph Campbell.

O norte-americano Joseph Campbell (1904 – 1987) é considerado até hoje uma das maiores autoridades em religião comparada que já existiu. A famosa entrevista que ele deu ao jornalista Bill Moyers um ano antes de morrer – “O Poder do Mito” - acabou virando uma série para a TV e ajudou a difundir e popularizar o interesse por símbolos e mitologia.


Como surgem os mitos? - tutorial em áudio by eduardospohr


Um dos mais aplicados alunos de Campbell foi o cineasta George Lucas, que usou os padrões da Jornada do Herói, sintetizada no livro “O Herói de Mil Faces”, para delinear sua saga galáctica. Se não fosse Campbell, possivelmente “Guerra nas Estrelas” nunca teria existido, ou então seria bem diferente.
Campbell com a esposa, Jean Erdman, e a antropóloga Joan Halifax, na década de 80.
Há muito que falar sobre os escritos de Joseph Campbell, e certamente voltarei ao assunto em outros posts. Hoje, vamos começar pelo básico, e usar as palavras do acadêmico para entender:

O QUE SÃO OS MITOS?

Você já sonhou que estava caindo? Ou que estava voando? Ou que estava se afogando? Ou que caminhava pelado pelo colégio? Normal. Todos nós já tivemos sonhos assim.

Como Freud, Jung e o próprio Campbell nos mostram, a psique humana é constantemente sacudida por uma série de medos, conflitos e desejos. Algumas questões são puramente individuais; outras são partilhadas por vários membros de uma determinada sociedade; e há ainda aquelas comuns a todos os seres humanos.

Freud: interpretação dos sonhos
Quando sonhamos, essas energias em conflito continuam se expressando. Mas sem a barreira do consciente para censurá-las e organizá-las, a coisa vêm à tona de forma simbólica.
O que vemos num sonho não é a realidade, e sim uma tentativa do inconsciente de expressar a realidade por meio de símbolos e metáforas. Assim, sonhar que está caindo pode significar que algo na sua vida o está impedindo de prosseguir em um determinado objetivo. O que está ocasionando isso depende de pessoa pra pessoa.

MAS O QUE ISSO TEM A VER COM OS MITOS?
No caso dos mitos, acontece exatamente a mesma coisa. Os mitos são sonhos coletivos, são conflitos e questões partilhados por todos os membros daquela sociedade, e que precisam se expressar de forma simbólica.

Segundo Campbell, os sonhos são mitos individuais – os mitos são sonhos coletivos.
Salvador Dali: símbolos individuais
Na antiguidade e nas culturas primitivas de hoje, os mitos são organizados e difundidos por homens e mulheres especiais, que têm a sensibilidade de compreender os anseios da sociedade em que vivem.

Esses sonhos, esses desejos comuns a todos daquele grupo, são sintetizados em um determinado conjunto de símbolos e metáforas - denominados mitos.

ELEMENTOS UNIVERSAIS

Não é à toa que ainda hoje muitos mitos antigos permaneçam úteis e compreensíveis para nós. Várias dessas histórias ancestrais carregam idéias elementares, ou seja, idéias comuns a todos os seres humanos, não importa a raça, credo, religião ou camada social.

Um desses padrões universais é a célebre Jornada do Herói, que já falamos acima e que merece um post à parte. Por enquanto, ficamos com os dizeres do simbologista, em um dos trechos do vídeo "O Poder do Mito", em que ele fala sobre o papel dos artistas como construtores de mitos na civilização atual.


sábado, 1 de agosto de 2009

Nova edição de ‘A Batalha do Apocalipse’ volta à NerdStore em poucos meses. Quer participar?



Caros leitores,

O blog está em recesso por uma semana. Mas é por uma boa casa. Estou trabalhando arduamente na revisão do livro “A Batalha do Apocalipse”. Para quem ainda não sabe, o romance volta à Nerdstore em poucos meses.

É claro que nenhuma mudança drástica será feita no texto, muito menos na história (podem ficar tranquilos). A ideia é consertar desde possíveis erros de português / digitação até ajustar o documento para tornar a leitura mais dinâmica e interessante.

Uma crítica bem construtiva que eu recebi de diversas pessoas foi a excessiva repetição de conceitos. Termos como “O Tecido da Realidade” e “A Fortaleza de Sion” (só para citar alguns) eram explicados cada vez que mencionados.

Na nova edição, vou enxugar essas explanações. Para o leitor não ficar perdido, porém, incluiremos um glossário (idéia do Azaghal), bem ao estilo “Silmarillion”. Ali, estarão incluídos TODOS os termos do livro, bem como seus personagens e páginas de referência. Veja a print abaixo.

Da mesma forma, trechos excluídos na primeira edição estarão de volta agora, especialmente partes relevantes da batalha final.

QUER PARTICIPAR?

Se você já leu “A Batalha do Apocalipse” e tem críticas construtivas a fazer, esta é a hora! Estou analisando as opiniões de cada leitor.

Mande um email para mim (eduardo.spohr@gmail.com) ou opine aí mesmo, nos comentários.

E aguardem que, como eu disse, o livro retorna brevemente à loja do site Jovem Nerd, juntamente com outras atrações ligadas ao universo. Para não perder as últimas atualizações, fique ligado no meu Twitter (@eduardospohr), no da NerdStore (@nerdstore) e no NerdCast.

Glossário na nova edição de "A Batalha do Apocalipse" - ainda sem as páginas de referência. Clique aqui para ver ampliado.



A Queda dos Anjos by eduardospohr

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Entrevista com o ufólogo Jorge Poggi, do NerdCast 112a: conheça seu novo livro




“Os deuses já chegaram e cada vez chegam mais. Cada vez mais tem naves IMENSAS chegando aqui e sendo vistas”, Jorge Poggi.


Domingo passado (19) estive no lançamento do livro “O Amor na Rede”, do ufólogo e arqueólogo de campo Jorge Poggi, que ficou conhecido na blogosfera depois de participar do NerdCast 112a, sobre ufologia. Escute aqui.

O novo livro de Jorge, porém, não tem nada a ver com esse assunto. Como o nome sugere, trata de relacionamentos no meio virtual.

Fundamentando-se em experiências próprias e em pesquisas publicamente conhecidas, o autor dá dicas de como se comportar na web e como conseguir uma parceira (ou um parceiro) na grande rede. Além disso, mostra como você deve se prevenir contra determinadas fraudes que assustam os internautas mais incautos.

Não pude deixar de ir até o lançamento para entrevistar esta figura. Na pauta, além dos assuntos do livro, consegui arrancar de Jorge outras informações sobre a suposta presença alienígena em nosso planeta, seus hábitos alimentares e planos para a humanidade. E ainda: mais revelações sobre a abdução que o tornou nacionalmente famoso.

QUER COMPRAR OS LIVROS?

» “Os Deuses Estão Voltando”, 1996 – Compre aqui
» “O Amor na Rede”, 2009 – Compre aqui

Ou compre diretamente com Jorge Poggi entrando em contato pelo email: poggi1star@gmail.com

Eu (ao centro) e a lenda da ufologia nerd Jorge Poggi. À direita, o filho do homem, Rafael, que participou do NerdCast 80.

sábado, 18 de julho de 2009

A evolução dos modelos de beleza nos action figures de Star Wars: 70-80 / 90 / 2000

Chewbacca: décadas de 70-80, 90 e 2000

Outro dia eu estava vendo no Discovery Channel um programa interessante sobre os modelos de beleza de cada época, e como esses modelos se transformam tão rapidamente na sociedade de hoje.

No programa, para ilustrar a obsessão do homem contemporâneo pela malhação, um estudioso comparou um boneco do Luke Skywalker da década de 70 (da coleção vintage), com outro do fim da década de 90 (coleção Power of the Force). Resultado: Depois de 15 anos, o mesmo cavaleiro jedi ganhou vários quilos de músculos!

Como há muitos anos sou um aficionado por brinquedos do Guerra nas Estrelas, resolvi tirar a prova e observei os mesmos personagens em três coleções diferentes: a vintage (70-80), Power of The Force (90) e Legacy Collection (2000).

Perceba que, na década de 70, era bonito ser magricelo, o famoso “vara-pau”. Já no final da década de 80 e início de 90, Stallone, Schwarzenegger e tantos outros trouxeram o conceito do corpo “bombado”. Finalmente, os anos 2000 valorizam o corpo forte, porém definido, menos inchado e mais esguio.

É impressionante como isso é uma realidade e se reflete em todos os níveis da sociedade de consumo, inclusive, como vemos, nos action figures do Star Wars. Repare nas imagens.

Han Solo: magricelo nos anos 70, bombadaço em 1990 e "normal" em 2000

Vader: vintage, Power of the Force e coleção atual

EM TEMPO

Já viu a última foto do encontro de cúpula da turma do NerdCast no Rio? Veja aqui.

Neste domingo, 19 de julho, rola o lançamento do livro “O Amor na Rede”, do nosso ufólogo Jorge Poggi, convidado do NerdCast 112a. Eu estarei lá. Quem quiser, apareça para bater um papo nerd. Visualize o convite aqui.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A chave para Praga: a última fronteira comunista

Assista à primeira parte do vídeo aqui

No início de 2008, quando comecei a planejar a minha viagem à Europa, me deparei com um impasse: qual país deveria escolher? Como não tinha muito dinheiro, optei por me hospedar em albergues e hotéis baratos, porque só assim seria capaz de visitar mais de um país numa mesma “aventura”.

Desde a primeira vez que estive no Velho Continente, sempre ouvia as pessoas falando de Praga. E eu pensava: por que? Por que a capital da República Tcheca desperta tanto fascínio e atrai tantos turistas - europeus e do resto do mundo?

Eu e Afonso Tresdê. Ao fundo, a famosa Ponte Carlos.

Pouca gente sabe, mas Praga sobreviveu quase intacta aos pesados bombardeios que assolaram a Europa durante a II Guerra Mundial. Isso significa que praticamente tudo o que você vê lá é original: castelos, pontes, igrejas, praças.

Além disso, a então Tchecoslováquia foi, durante toda a Guerra Fria, um dos poucos países sob influência comunista que recebia visitantes ocidentais com relativa flexibilidade. Praga era a porta de entrada para o Leste Europeu, a última fronteira entre o mundo capitalista e as repúblicas da Cortina de Ferro.


Fachada do Museu Nacional, na Praça São Venceslau (Cidade Nova)

Outra coisa que me influenciou na decisão de conhecer a República Tcheca foi a presença do nosso amigo Afonso Tresdê. Trocamos alguns emails e ele me convenceu a encontrá-lo lá, prometendo me receber no aeroporto – não importa o estado mental ou físico que estivesse.

Foi por isso que, na manhã de 20 de junho de 2008, eu tomei um avião em Amsterdã, onde estava, com destino à terra da cerveja e das marionetes.

ATRAÇÕES NERDS EM PRAGA

Ficar aqui relatando cada atração turística de Praga seria perda de tempo. Primeiro, porque este não é um blog de turismo; segundo, porque você pode achar facilmente essas informações em qualquer lugar. Ao invés disso, prefiro falar sobre algumas experiências e lugares de interesse nerd na cidade.

Cerveja – Se você gosta de uma cerva (tudo bem, isso não tem nada de nerd), esse é o lugar. Praga fica na região geográfica conhecida como Boêmia, famosa por suas bebidas fermentadas. A primeira coisa que o Tresdê me ensinou ao chegar na cidade foi a palavra “beer point”. Centenas de quiosques com louras geladas se espalham pelas ruas da capital. Minha dica: procure a “kozel”, cerveja avermelhada. Deliciosa!

Albergues – Os albergues em Praga não são lá muito bons, mas dão para o gasto se você não for muito exigente e só quiser uma cama para dormir. Mas prepare-se: eles não servem café da manhã. Se estiver viajando a dois, prefira um hotel.

O lado curioso foi que consegui em um quarto enorme. Embora quente e barulhento, era o típico cômodo no estilo soviético: construtivista, com pé direito alto e longas janelas com armação de aço, ocupando toda a parede. Pena que não tirei foto.

Cultura soviética – Outra dica bacana é reparar como a influência soviética continua latente em muitos aspectos da cultura tcheca. Praga é uma cidade bem preparada para receber turistas, então você não terá problemas para conversar em inglês com funcionários de bares, hotéis ou museus. Mas ao sair um pouco do centro histórico, é normal encontrar restaurantes e lojas onde ninguém fala uma palavra de inglês, especialmente as pessoas com mais de 40 anos.

Igreja de São Nicolau, na Praça da Cidade Velha.

Além disso, a famosa rispidez russa também é uma realidade aqui. Não que os tchecos sejam mal-educados, mas como nós, brasileiros, temos um comportamento mais expansivo, esta característica local se sobressai (e pode até assustar).

Arquitetura – Não sou nenhum expert em arquitetura. Na verdade, entendo pouco. Mas mesmo um leigo não pode deixar de notar a riqueza e a miscelânea arquitetônica de Praga. Torres góticas convivem lado a lado com igrejas barrocas; palácios renascentistas rivalizam com prédios em art noveau; casas cubistas dividem espaço com pontes românicas.


Relógio da Cidade Velha – Uma das principais atrações de Praga é o relógio da Cidade Velha. Muitas cidades da Europa têm relógios em torres, mas este ficou conhecido por ser o mais belo e perfeito da Boêmia, tanto que, segundo a lenda, os governantes do século XV cegaram o relojoeiro-mestre para que ele não reproduzisse sua obra em outra cidade. O mecanismo conta ainda com um peculiar relógio astronômico, com números arábicos, marcando as órbitas do sol e da lua em torno da Terra.

Teatro Nacional – A elite artística e intelectual sempre foi muito atuante em Praga. Na verdade, foi ela que ajudou a cidade a ser um lugar mais brando durante a Guerra Fria. Praga é a cidade dos teatros, das óperas. Mesmo que você não entenda tcheco, vale a pena assistir a uma peça, ópera ou concerto no Teatro Nacional, ou em qualquer outra casa de espetáculos da região.

Castelo de Praga – O Castelo de Praga não é só um castelo, nem mesmo uma cidadela. É um bairro localizado no ponto mais elevado da cidade. Aqui você vai encontrar, além do castelo em si, várias igrejas, museus, torres, palácios e a Catedral de São Vito. Atenção para o detalhe nerd: a Viela Dourada conta com uma loja que vende (a preços acessíveis) armas medievais, armaduras e action figures de fantasia (cavaleiros, orcs, dragões). Coisa pra enlouquecer qualquer um.

Mosteiro Strahov Ainda no morro do castelo, este mosteiro é um oásis nerd. Ele escapou da extinção em 1783 convertendo-se em um centro de estudos. Aqui estão exemplares de animais bizarros e híbridos (ninguém sabe se são reais ou uma farsa). Além disso, a Sala de Filosofia abriga o mais antigo livro do país, um fac-símile do século IX.

Teatro Negro e marionetes – Praga é também a cidade das marionetes (vendidas em toda parte como souvenir) e do Teatro Negro de Praga, no qual atores maquiados de preto movem objetos contra um fundo escuro, sem serem vistos.

Bairro Judeu – A comunidade judaica sempre foi muito forte em Praga. O Cemitério Judeu é passeio obrigatório, mas duas sinagogas contam com detalhes interessantes. Uma lenda conta que há um golem escondido no telhado da sinagoga Staronová. No século XVI, o rabino Low teria dado vida à criatura por magia, mas a teria inutilizado quando o mostro revelou fúria destruidora.

Pedras sobre os túmulos no Cemitério Judeu: tradição

Já a sinagoga Maisel expõe inigualáveis joias e relíquias israelitas – curiosamente levadas para lá pelos nazistas, durante a ocupação. A intenção dos alemães era (pasmem) criar um museu dedicado ao “povo extinto”.

Parques – Nenhum turista vem ao Brasil sem ir à praia. Assim como nenhum turista deve ir a Praga sem conhecer os muitos parques que cercam a cidade. Numa tarde de verão, esses são os lugares mais agradáveis de estar, onde você pode relaxar na grama, tomar sol e saborear a melhor cerveja do mundo.

Próxima parada, Constantinopla – Ao fim de quatro dias em Praga, parti novamente para o aeroporto, desta vez para tomar um avião para a Turquia e encarar o destino final da minha aventura: a misteriosa cidade de Istambul, a antiga capital do Império Bizantino no ponto mais oriental da Europa... Mas essa jornada fica para um próximo post :-)

QUER SABER MAIS SOBRE PRAGA?

Visite os sites:

» CzechTurism.com (em português)
» Prague.cz (oficial, em inglês)
» Localize Praga no Google Maps

sábado, 4 de julho de 2009

Dicas para mestres e jogadores de RPG

Concepção visual do artista Keith Parkinson

Há quase 10 anos, quando eu trabalhava no site Aqui, a revista eletrônica do buscador Cadê, escrevia quinzenalmente uma coluna de RPG. Na época, eu jogava bem mais do que hoje em dia, e tinha muito material próprio arquivado.

Quando a StarMedia (que controlava o Cadê) faliu, todas as páginas acabaram saindo do ar e eu achei que perderia as minhas colunas para sempre. Mas, para minha surpresa, navegando na internet, encontrei o site do designer e amigo Jacques Chueke, que era então responsável pela diagramação das páginas.

No website, o Jacques publicou algumas colunas, na seção de portifólio. Resultado: alguns dos meus artigos então de volta online!

Como eu sei que muita gente que lê este blog também joga RPG, resolvi indicar aqui duas matérias. Uma delas contém dicas para mestres; outra dá sugestões para jogadores, desde a criação de personagem até a interpretação.

Para visualizar, é só clicar nos links abaixo. Espero que seja útil!

» Dicas para o Mestre - o seu manual de sobrevivência
» Dicas de Jogador – como tornar o jogo mais agradável