sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A polêmica envolvendo a campanha #inconfundível – “publicidade velada”?

Site do Club Social. Imagem: reprodução

O assunto deste finalzinho de semana na web foi a campanha do Club Social, proposta por uma agência de publicidade a alguns twitteiros do Brasil, que se comprometeram a anexar a tag #inconfundível a um de seus posts diários, indicando um link ou uma informação que julgavam ser interessante.

A polêmica começou na quarta-feira, quando o jornalista Mauricio Stycer, do iG, publicou uma matéria (leia aqui) acusando os twitteiros de promover o que chamou de “publicidade velada”. Para ele, seria antiético divulgar a campanha sem deixar claro que se tratava de uma ação ligada ao biscoito.

Sou jornalista, editor de um grande portal de notícias, além de blogueiro e twitteiro. Então, acho que entendo um pouco os dois lados, daí a vontade de escrever este post.

JOGANDO LIMPO

O Mauricio tem todo o direito de expressar a sua opinião. Como jornalista, eu defendo e sempre defenderei a liberdade de imprensa, e apóio quem a exercite. A única falha aí, acredito eu, foi a falta de uma apuração cautelosa dos fatos.

Bom, para quem não sabe, muitos daqueles que participaram da ação tiveram o cuidado de explicar, na primeira vez em que postaram a tag, que aquilo tratava-se de uma campanha publicitária. Só isso, ao meu ver, já desmonta todo o argumento de “publicidade velada”.

“Assim como a Baunilha (Bruna Calheiros, blogueira), deixamos claro desde o primeiro momento que estávamos divulgando a campanha do Club Social. Nosso primeiro post explicou isso. Jogamos limpo com os nossos seguidores”, explica Alexandre Ottoni, do site Jovem Nerd.

Mas, tudo bem. Como eu disse, o Mauricio Stycer está livre para concordar, discordar, comentar e criticar – até porque tratava-se de uma matéria opinativa.

Escolha de palavras - Ao ler o texto, me lembrei das minhas aulas de “Introdução ao Jornalismo”, na PUC, ministradas pelo professor e jornalista Israel Tabak (esse sim era inconfundível). Ele mostrava como a simples escolha de palavras pode influenciar todo um texto. Tabak usava o exemplo clássico de dois jornais que publicaram a mesma notícia sobre o Movimento Sem-Terra. O jornal #1 dizia: “MST ocupa fazenda”; o #2 avisava: “MST INVADE fazenda”.

Da mesma forma, é curioso ver como a escolha de palavras no texto do Maurício expõe sua opinião. Num trecho notório, ele diz: “Cada um tem a obrigação de escrever dois tweets por semana (...)”, enquanto poderia escrever: “Cada um tem o COMPROMISSO de escrever dois tweets por semana”. Muda tudo.

MINHA OPINIÃO

Pessoalmente, não vejo problema algum em um twitteiro usar sua imagem em uma campanha de comunicação. Se fosse assim, teríamos que condenar também todos os milhares de artistas e atletas que emprestam suas caras a comerciais de TV.

A questão da “publicidade velada”, cujo conceito, vale repetir, não concordo, também não me incomoda.

A internet deu aos consumidores o livre-arbítrio total de procurar, eles mesmos, seu conteúdo. Não é como antigamente, quando você tinha que engolir, toda a noite, 30 segundos de reclame dos Cobertores Paraíba, nos intervalos da novela das 8h. Na web, é o usuário que procura o conteúdo e, por conseqüência, absorve a publicidade de forma consciente.

Unfollow e block - Um exemplo. Se você segue a famosa Twittess, que aliás também é citada na matéria, está sujeito a receber um monte de propagandas e baboseiras. Mas se o cara gosta, bom pra ele. Se não gostar, é simples: dá unfollow ou block.

Portanto, acredito que, MESMO que tivesse havido uma publicidade velada, isso não seria passível de condenação ou muito menos de “denúncia”. Afinal, os maiores prejudicados seriam os próprios twitteiros, que estariam sujeitos a perder seguidores, leitores, admiradores ou como queiram chamar.

E, pelo visto, não foi o que aconteceu. A campanha deu certo, e o texto do Maurício teve o efeito óbvio de qualquer polêmica: acabou gerando ainda mais repercussão para a marca.

Pessoal, desculpem aí pelo off topic, afinal este blog geralmente se propõe a apresentar textos mais lúdicos: sobre cinema, literatura e filosofia. Mas concluí que o assunto era relevante a muitos de meus leitores.

Espero ter contribuído positivamente para a discussão.





Comercial dos Cobertores Paraíba - clássico reclame dos anos 60


» Leia também: Post sobre a polêmica no “NãoZero”

7 comentários:

Guizaum disse...

Quando você twittou isso, eu pensei "que polêmica?", aí acabei lembrandos de umas twittadas do Nick Ellis falando alguma coisa sobre isso. Mas não achei que tinha gerado tanto bafafa assim.
Mas enfim, quando comecei a ler seu texto, muito bacana, simples de entender e muito agradável por sinal, me lembrei antes de chegar aonde você citou que eles haviam sim avisado que era uma campanha publicitária. Na verdade, eu concordo com você, não vejo o menor problema, afinal, a imagem é sua e você faz o que quer com ela, não acho que se uma pessoa for contratada pra fazer uma campanha publicitária pelo twitter ou qlq outo meio, que isso vá mudar sua índole, ou seu carácter, muito pelo contrário, isso é reflexo de sua credibilidade das pessoas que te reconhecem. Acho que reclamar disso é hipocrisia, é a questão de ser cool demais pra ser um "meio utilizado pela corja capitalista". heheh

Um abraço

Anônimo disse...

Eduardo, acho que agora acontece em escala "internetica" o que acontece nas nossas vidas ha tempos. Uma frase de propaganda nas conversas do dia a dia.
Ja vi varias vezes pessoas falando (imitando as campanhas) um "experimenta!"; cantar o "nao adianta bateeer... eu nao deixo vc entrar!" qdo alguem bate na porta; um "tomou doril" qdo se refere a alguem que nao encontram ha tempos.

Acho que agora esta mais facil e mais dificil escolher o que ver, ler ou assistir. Mais facil pelo acesso "de mao beijada" que temos, mas dificulta pela quantidade de midias segmentadas que tentamos acompanhar. Tudo isso eh resolvido de uma maneira: pensando.
E o sucesso sempre incomoda as pessoas.

Um abraco!
Peu Japiassu Reis
[www.twitter.com/peujapiassu]

Unknown disse...

Minha opinião: "Quem se importa?"
Se tem uma tag no post do cara, isso significa menos caracteres para ele se expressar.
Vi a tag em vários posts de gente que eu sigo, e nem sabia que se tratava de uma campanha publicitária e também não dei a mínima, essa polêmica não tem cabimento.

Bruno Vox disse...

Vc está correto. Não vejo nada demais, até acho legal o pessoal procurar outros meios para divulgar sua marca. E o jornalista citado foi no mínimo precipitado ao julgar, como um bom jornalista, antes de emitir uma opinião, deveria procurar se informar melhor.

Anônimo disse...

Concordo plenamente contido, Eduardo Sphor

Alonso disse...

Sinceramente é o que foi dito num nerdcast bem antigo, o Nerdcast sem fio com o Nick elis e a Bia. O supremo senhor da oceania reclama que era só o que faltava ter quatro globos uma com realitys, outra só novela e etc no que o JN diz: Simples, não assite, muda de canal, a gente tem direito de escolha.

Achou ruim mesmo sendo avisado desde o inicio como o JN e a Baunilha fizeram? Bloqueia, pare de seguir ou se nao quiser fazer isso simplesmente não leia os comentarios que chegarem com a tag...

Pessoal ta ficando muito politicamente correto pro meu gosto, agora quer mandar e regulamentar ate o que o outro twitta? Quer proteger seus pobres olhinhos de serem ofendidos por uma propaganda denominada por eles como velada, então se enfurna num quarto acolchoado afinal de contas o mundo é feito de coisas que nos ofendem e cabe a nós saber como pessoas civilizadas a conviver e aceitar essas ofensas.

Na boa Eduardo se falar com o JN por esses dias que eu em nome da nação nerd e dos malucos interneticos peço desculpa pelos boçais que vieram a levantar acusações contra a moral e etica de alguem que sempre respeitou tanto a seus fãs como ele e a Baunilha.

Alonso disse...

Ah esqueci... Qualquer reclamação com minhas colocações podem vir falar no http://twitter.com/Alonsobh